27.12.11

20.12.11

E como era bom...



  Na semana passada tive uma experiência maravilhosa.
Recebi, pelo correio, um cartão de Natal mandado por uma amiga que vive nos Estados Unidos.
Que alegria senti! E dupla, por estar recebendo o cartão dela e por estar recebendo um cartão.
Dentro do envelope escrito a mão (sim, escrito a mão!) estava um lindo cartão de Natal. Estava nos esperando naquela mesma caixa de correspondência que, dia após dia, semana após semana, mês após mês, só recebe contas, propaganda, revistas gratuitas que não temos nenhum interesse em ler e outras coisas que não sei por que mandam sem a gente pedir... Lá estava, nos esperando, um cartão de Natal!
Não me lembrava mais como era gostoso receber cartões, cartões postais, cartas, estas coisas que já não se usa mais mandar (pelo menos no Brasil).
E como era bom...

Para abrir o envelope um pequeno ritual: olhar se o destinatário somos nós, virar o envelope e ver quem é o remetente, colocar contra a luz para ver como abrir sem estragar o que está dentro, rasgar com cuidado e, finalmente, olhar o que está no envelope. Emocionante!
Para mim que morei alguns anos, e ainda moro, longe da família e dos amigos mais antigos, foi muito bom lembrar a sensação.

Tempos atrás, longe do Brasil, tive uma caixa postal que eu visitava todos os dias no final da tarde. A ansiedade por notícias e pelo carinho dos que estavam distantes era grande.
Minha mãe mandava, todas as semanas, jornais de Porto Alegre e a revista Veja (que naquele tempo, anos 70, era ótima).
E como era bom...
Chegavam cartas que eram verdadeiros relatórios. Maravilhosas! Fulana casou, fulano morreu, o Parque da Redenção está lindo, aquele está namorando aquela, aquela outra está namorando o primo daquele outro, a faculdade está um saco, nosso amigo quebrou a perna, a beltrana brigou com o namorado antigo, dona coisinha está muito doente, a nossa vizinha ganhou nenê, tal filme é ótimo, abriu um “barzinho” novo, aquele outro fechou e quantas e quantas coisas mais contavam. E também mandavam fotos! Assim, de longe, nós nos acompanhávamos.
E como era bom...
E como era bom poder reler as cartas e rever as fotos quando a saudade apertava.
Escrever cartas também tinha um ritual: escolher o papel, escolher a caneta (até hoje prefiro caneta tinteiro), colocar uma música de fundo e, então, era só contar o que tinha acontecido, falar das alegrias, das tristezas, das expectativas, do passado, de tantas coisas.
 E como era bom...

Mas, aqui entre nós: de verdade verdadeira, eu não gostaria de voltar àquele tempo.
Era muito bom, naquele tempo!
Porque se aquele tempo voltasse, eu não viveria a felicidade de ensinar o meu primeiro neto, Gabriel, a bater palmas pela internet!

p.s. obrigada, Maria Elisa, pelo valioso presente!