22.5.11

Minha Vó-Mãe


Hoje, 20 de maio, faz tempo demais que minha avó Elvira morreu. Eu tinha 18 anos e ela era a mãe da minha mãe.
Não conheceu os meus filhos, meus netos e nem o Xico.
Não me viu arquiteta, nem cantora.
Não participou da minha vida adulta.
Uma pena...
Na noite do seu enterro (que eu não tive a coragem de assistir) meus companheiros do "Coral de Câmara do Rio Grande do Sul" fizeram uma serenata na minha janela.
Foi uma linda e inesquecível manifestação de carinho.

Só seis meses depois da sua morte consegui chorar, amparada pela minha amiga Selena.
A minha avó não chorava. Acho que as tristezas foram tantas, que as lágrimas secaram e somente um grito saía da sua garganta nos momentos de grande sofrimento.

Hoje, estou com saudade da minha Vó-Mãe! Era assim que eu a via, minha avó e minha mãe e era assim que eu a chamava.
Alguém tem culpa desta confusão?
A minha corajosa avó, “mulher separada” em Porto Alegre no início dos anos 30, que não acreditou que sua filhinha estivesse pronta para ser mãe?
Ou a minha frágil e jovem mãe, filha única, sem pai desde os 4 anos, solteira e grávida de mim aos 17?
Agora, é muito tarde para fazer esta pergunta. Não tem quem a responda e, de verdade, a resposta não me interessa mais!
As feridas já cicatrizaram...

E eu aprendi muito com a minha Vó-Mãe.
Ela nunca me ensinou a cozinhar, a costurar, estas coisas que, no meu tempo, as mocinhas costumavam aprender até na escola.
Mas, minha Vó-Mãe era sábia. Dizia que no dia em que eu quisesse fazer algo, qualquer coisa que fosse, eu saberia fazer porque me interessaria em aprender e aprenderia!

E assim foi e assim é.
Para surpresa de muitos, aprendi a fazer tudo o que eu quis fazer (até costurar e cozinhar).
Obrigada pela confiança, Vó-Mãe!

* na foto, minha mãe e minha avó Elvira comigo, na Rua da Praia, em 1947.



2 comentários:

Maria Betânia Ferreira disse...

Que coisa mais... mais... bonita, é isso. Arrepio até a ponta do dedão do pé.

Que coisa maravilhosa testemunhar as pegadas que sua avó e sua mãe deixaram no mundo, com você.

Maria Lucia disse...

beijo, Betânia!