19.1.25

Elis Vive!


19 de janeiro 1982, Porto Alegre, eu estava dirigindo e lembro de ter tido uma sensação muito estranha, a de que a cidade havia parado. Lembro bem, mas não sei explicar.

Só no final do dia soube da morte da Elis. Foi uma enorme tristeza e difícil de acreditar..

Fiquei sabendo que estava sendo organizada uma vigília no Auditório Araújo Viana, onde vários músicos iriam se apresentar. Não sei de quem foi a ideia, mas foi uma grande ideia porque assim tivemos um lugar para chorarmos juntos.

A noite estava fria, apesar de ser janeiro e fui com a  minha amiga Carmen Peña Sommer.

Meses antes, eu assisti "Trem Azul", seu último show. E, quando terminou, eu e um grupo não muito grande, queríamos falar com Elis. Ela mandou um recado: nos receberia no hotel no dia seguinte. Mas, eu não fui......

Do livro "Elis Regina", de Zeca Kiechaloski:

“Em setembro desse mesmo ano, Elis faria sua última apresentação (...) em Porto Alegre. (...) No Gigantinho, Elis se reencontra definitivamente com a sua terra. O público delira e Elis chora de emoção já que morria de medo a cada apresentação em Porto Alegre. Faz brincadeiras com a plateia, canta repetidas vezes Maria, Maria, existe um perfeito entrosamento entre público e artista.” Descrição perfeita!

Toneco da Costa e Giba Giba, compuseram uma canção em homenagem à Elis. Quis postar a linda interpretação da Gloria Oliveira, mas o vídeo desapareceu do Youtube. Posto então, uma gravação que fizemos, Toneco da Costa e eu, ao vivo de improviso e sem ensaio. 


12.1.25

Histórias do Zeca

Zeca era o apelido familiar do meu pai, o Sampaio (como ele assinava os seus cartuns). Há oito anos, no dia 12 de janeiro ele nos deixava, com 89 bem vividos anos.

Em julho de 2016, foi descoberto um inoperável câncer no seu pulmão, apesar dele ter parado de fumar em 1979. Em nenhum momento sofreu alguma dor física e partiu tranquilo como uma vela que se apaga.

Ele foi um dos primeiros cartunistas profissionais do Rio Grande do Sul (se não o primeiro), publicando na prestigiada Revista do Globo, nos anos 1940 e 1950. Depois seguiu publicando seu trabalho em vários jornais e inclusive na TV.

Nos anos 1980, resolveu abandonar o jornalismo para se dedicar somente à sua carreira de servidor público no TRE/RS, mas, nunca parou de desenhar.

Hoje, no Facebook, vi uma foto que me lembrou uma história que meu pai contava.

                

Foto:"Homem segurando uma árvore durante o furacão Carol", 1954 (foto atribuída a Stanley Hall)

Um dia, toda a família estava reunida na casa dos meus avós, mas meu pai ainda não tinha chegado. Chovia a cântaros em Porto Alegre, com uma ventania muito forte.

Quando ele chegou, alguém perguntou como estava na rua, ao que ele respondeu: "O vento está tão forte que em cada árvore há um guarda segurando pra ela não cair". 

Pra que foi dizer isto? Minha mãe acreditou e foi correndo para espiar na janela e todos riram. Que maldade... 

Lembrei de outras histórias que vou contar pra vocês:

Essa não teve testemunhas e a minha mãe ficava braba quando ele contava, mas ria muito e dizia era mentira. Sabe-se lá, rsrs

Teria acontecido na praia de Arroio do Sal, litoral do Rio Grande do Sul. Minha mãe não sabia nadar e tinha muito medo do mar. Era uma pessoa comumente chamada de "um prego dentro d´água".

Meu pai estava na areia quando a minha mãe, do mar, começou a gritar: - "Zeca, socorro, estou me afogando!" e, calmamente, meu pai teria respondido:- "Fique de pé!". E, reza  a lenda que ela ficou em pé e a água estava na altura dos joelhos, rs

Como o mar no litoral gaúcho tem buracos, então pode até ter sido verdade, mas nunca saberemos...

Seu Sampaio e Dona Norma

Não sei se ainda existe um jogo de dados chamado General que meu pai costumava jogar com os amigos no bar do Juvenal, na rua André da Rocha em Porto Alegre. Perto dali havia um quartel do exército.

Num belo dia, na época da ditadura, um oficial chegou lá, não gostou da jogatina com o nome de General e cobrou uma atitude do dono do bar para acabar com aquilo.

Meu pai se meteu, o milico não gostou e o chamou "pra briga". Como ele não era de briga respondeu: "Não bato em homem fardado". Então, rapidamente, o homem tirou a parte de cima da farda, se preparou para brigar e escutou: "Não bato em homem pelado".

Ao ouvirem isto os amigos que estavam no bar caíram na risada. O valentão não aguentou o deboche e teve que ir embora.

Meu pai tinha horror dos milicos! Dá pra perceber?

"E acabou-se o que era doce, quem comeu se regalou-se"


11.1.25

Um Natal inesquecível

Em 1986, meus filhos estavam com o pai  e eu fui com a minha avó e a minha tia passar o Natal em São PauloA festança seria na casa de uma das minhas primas com toda a parentalha "paulistana" presente. 

Algumas das crianças ainda acreditavam no Papai Noel e era uma tradição deles a presença do "bom velhinho" ao vivo e a cores. Mas, algumas estavam naquela fase do acredito/não acredito e por isto o Papai Noel não poderia ser o meu tio, como rezava a tradição. Certamente, seria reconhecido pelas mais velhas.

Chegamos em São Paulo poucos dias antes da festa de Natal e estávamos hospedadas na casa dos meus tios. As crianças ainda não tinham me visto e, além disto, nos víamos poucas vezes durante o ano, portanto,  difícilmente me reconheceriam. Sendo assim, eu fui a escolhida para ser o Papai Noel e achei bem bom! Ainda não tinha a roupa que eu usaria, rsrs Meus tios e sua família, anos antes, haviam vivido nos Estados Unidos e a roupa tinha sido trazida de lá. 

Cheguei na festa escondida e fui direto me transformar no Papai Noel.

Surpresa!!!!! A roupa era da mais quente e puríssima lã! Um pequeno detalhe só pra lembrar: no hemisfério norte o Natal é no inverno e no sul é no verão. 

Papai Noel tinha que ser barrigudo

e com barba branca
Minha tia me colocou a barba


Pronta, fiquei esperando com o saco de brinquedos nas costas, o momento do Papai Noel entrar. 


E foi uma delícia!


Porém...

Lá pelas tantas, começou a me dar um calorão e a única coisa que eu queria era tirar aquela roupa super quente de cima de mim!

Então, o Papai Noel, que não fazia Ho! Ho! Ho! (naquela época ele falava com as crianças), começou a se despedir, preparando a retirada. 

E as crianças pedindo para o Papai Noel ficar. 

Mas, comecei a me sentir mal por causa do calor e a saída teria que ser muito rápida porque achei que iria desmaiar. Já imaginaram o Papai Noel desmaiado?

Me despedi e quando estou, de costas, quase na porta da rua, sabe-se lá porque uma das tias grita: -Maria Lucia! E não deu outra, o Papai Noel se virou... Então, as crianças mais velhas começaram a gritar: - é a Maria Lucia! É a Maria Lucia!

Não lembro do que aconteceu depois e nem se ficaram convencidas de que era eu. Se foi assim, o meu quase-desmaio foi em vão.

E depois que o Papai Noel foi embora e eu curti muito a festa que estava muito boa!

Na foto, a priminha que hoje já é mãe, atrás euzinha, ao lado a tia "bocuda", 
depois minha prima dona da festa e a minha avó.





6.1.25

Viva o Cinema Brasileiro!


E viva Marcelo Rubens Paiva, Walter Salles, Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, Selton Mello, Murilo Hauser e Heitor Lorega (roteiristas) e toda a equipe!