27.5.12

Para Miguel

28 de maio é o dia do aniversário do meu filhote 
Miguel de Sampaio Dagnino.
O texto que publico abaixo, foi escrito em 2000. 
Parabéns, Filho querido!

 
Miguel no Gigante da Beira Rio, em 2000

Miguel, Querido Filho


28 de maio de 1979 foi um dos dias mais felizes da minha vida: foi o dia da tua chegada! Sou uma mãe muito feliz por seres meu filho.
Às vezes, no nosso dia a dia, a mãe reclamona e cobradora, assume a dianteira e atropela a compreensiva e amorosa.
Acho que a minha tarefa maior como mãe é te amar e é por te amar que me torno exigente. Tá bem, não deveria ser assim, mas é. Juro que tenho tentado ser diferente e sei esta batalha “hei de vencer” (como se dizia muito antigamente).
              
Hoje completas 21 anos, a maioridade civil. E isto quer dizer que, por causa de uma lei, a sociedade está te dizendo que, de agora em diante, tens toda a responsabilidade pelos teus atos.
Como tudo, isto tem vantagens e desvantagens, mas tem a grande vantagem de não precisar mais dos pais te avalizando.
Hoje é o dia da tua entrada oficial no mundo adulto. Seja bem-vindo, meu filho!
Salve a tua independência! Faz bom uso dela e escolhe o teu caminho sem medo, que eu estarei sempre por perto.                                           
Beijo e muito, muito, muito carinho da mãe
* em 2000 a maioridade civil era aos 21 anos;



14.5.12

A marcha colorada!

Fiquei tão feliz com a conquista do Campeonato Gaúcho pelo meu time, o Sport Club Internacional, que resolvi postar um texto de 2009, quando o Inter completou 100 anos. Naquela ocasião, foi realizada a "Marcha do Centenário" e eu estava lá. 



Que experiência linda! 
Moro no bairro Rio Branco, longe do local onde seria a concentração para a Marcha. E, assim que sai de casa me surpreendi com a quantidade de gente com camiseta do Inter.  E foi assim em todo o trajeto. 
Quando cheguei à Praça Sport Clube Internacional, me emocionei ao ver toda aquela gente reunida, principalmente porque estávamos todos muito alegres.
Mais ou menos às nove e meia da manhã começou a Marcha. Não vou mais falar em emoção porque foi uma overdose.
O dia estava lindíssimo e, sobre as nossas cabeças, reinava um solaço que dava a sensação de mais de 45 graus.
Mas, a vontade de estar ali homenageando o Inter, aquele querido velhinho já centenário, não me deixava prestar atenção ao calor. E nem ao cansaço.
Minha coluna vertebral, já idosa, que volta e meia dá sinal de vida não teve a coragem de aparecer para estragar a festa. 
E, assim, três horas depois eu e mais 29 mil e 999 colorados chegamos felizes ao Gigante da Beira Rio. 

Sabe o que esta Marcha me lembrou? As caminhadas que davam início ao Fórum Social Mundial. 
Explico: a emoção era a mesma! Participei de todas e sei que não estou exagerando.
Tanto nas marchas do FSM como na marcha do Inter, o mais importante era a sensação de estarmos juntos, de sermos uma irmandade.
Em ambas havia gente de todas as classes sociais, de todas os matizes e de todos os tipos. Todos falavam com todos, todos sorriam para todos, todos formavam um todo.
E é muito boa a sensação de fazer parte deste todo!




12.5.12

Dia das mães

Em 1989, meu filho Miguel Dagnino fez esta redação. A proposta da professora era que ele escrevesse como se fosse eu, sua mãe. Eu ADOREI!

Ricardo, eu e Miguel em 1989

"Meus filhos
Meu nome é Maria Lucia tenho 47 anos.
Tenho 2 filhos lindos Ricardo 13 anos e Miguel 10 anos.
Miguel está na 4ª série e Ricardo na 6ª série do Colégio Americano.
Miguel as vezes dá uns socos em Ricardo e leva o troco e vice versa isto me deixa triste.
Miguel gosta de brincar de videogame e futebol Ricardo também.
Miguel não gosta de estudar mas vai ter que começar e Ricardo estuda bastante.
Ricardo tem poucos amigos um deles o Enio e Miguel adora brincar com seus amigos e fico muito alegre.
Miguel, Ricardo e eu adoramos conversar sobre várias coisas.
Miguel quando está doente e não pode brincar ele fica triste.
Quando Miguel faz o tema bem caprichado eu fico feliz.
Eu acho eles uns filhos ótimos.
Eu sou Decoradora, Arquiteta, costureira, Médica, cantora, cozinheira, e etc...
FIM "               

10.5.12

No Museu D'Orsay



Na minha infância de filha única, eu passava muito tempo na biblioteca do meu avô Sampaio que tinha lindos armários de madeira escura com portas envidraçadas, cheinhos de livros.
Ele era um homem culto e de interesses muito variados e, por isto, lá tinha de tudo: política, religião, história, literatura, humor, livros de direito (ele era juiz) e os meus preferidos, os livros de arte! Eu adorava ver as fotos. Ler estava fora do meu alcance porque a maioria deles não era escrita em português.
Poder um dia ver de perto aquelas obras era só um sonho. Naquele tempo, a Europa era muito mais longe de nós do que é hoje.

Mas, eu tive sorte! Em 1993, com quase 50 anos fui a Paris e pude realizar o meu sonho. Pena que o meu avô já tivesse morrido.
Lá, visitei o Museu D’Orsay e “revi” algumas daquelas obras de arte dos livros da minha infância. E foi em frente a uma delas que vivi, certamente, um dos momentos mais bonitos da minha vida.
Era difícil para mim acreditar que estava diante de um quadro pintado por Van Gogh, ele mesmo, Vincent Van Gogh! Foi uma emoção tão intensa, chorei de felicidade... E assim fiquei, em estado de graça, nem sei mais por quanto tempo.
Até que algo muito mágico aconteceu: me dei conta de que, naquele momento, eu ocupava o mesmo lugar no espaço que Van Gogh ocupou quando estava pintando aquela tela. Ele era uma pessoa como eu...
Foi uma emoção tão fantástica que cheguei a me sentir segurando o pincel e pintando aquela tela.
Sem exagero, naquele momento eu fui Van Gogh! 

p.s.- Foram os amigos Carlos Schmidt e Mary Toribio que tornaram possível a minha viagem a Paris. Serei eternamente agradecida aos dois!