10.12.14

Meus vídeozinhos!

Oi!
fiquei bastante tempo sem postar nada porque estava fazendo campanha política no Faceboock e, também, campanha "ao vivo e a cores". Nem sei se alguém notou a minha ausência por aqui, rsrsrsrs
Hoje, vou postar alguns vídeos que fiz e editei usando o Movie Maker, que é o único editor que eu sei usar. Alguns foram feitos há muito tempo atrás, quando as máquinas não tinham muitos recursos (pelo menos as minhas, rsrsrs)
Espero que gostem!
Maria Lucia










5.3.14

Bate mais forte o meu coração

Este escrito é de 2009 e eu pensei que já havia postado no blog. 
Como a Imperadores do Samba foi mais uma vez campeã do carnaval de Porto Alegre, resolvi publicar.


foto: Felix Zucco/ Zero Hora


É domingo de manhã, primeiro de março, e eu estou morrendo de vergonha por ser porto-alegrense.

Explico: sou colorada desde antes de nascer e “imperador” há quase 20 anos, quando descobri o carnaval de Porto Alegre por motivos profissionais. Tenho acompanhado os desfiles somente pela televisão e só uma vez fui a um ensaio, para mostrar o nosso carnaval a uns amigos espanhóis. Digamos, então, que o meu amor é platônico...

Quando soube que a Imperadores iria homenagear o Inter vibrei e comecei a procurar alguém que quisesse desfilar comigo. Nenhum dos meus amigos quis e eu tive que me conformar. Pensei em ir ao sambódromo, que eu não conhecia, mas também não consegui companhia.

Com a vitória da Imperadores resolvi assistir ao desfile das campeãs, para festejar mais um título conquistado para a nossa humilde coleção de CAMPEÕES DE TUDO. Iria com um amigo porto-alegrense que mora em Zurich e com sua esposa suíça. Como a escola seria a última a desfilar, do alto dos meus 61 anos arrepiei e achei mais prudente não ir. Mais uma vez deixei para “o ano que vem”. 

Sei lá porque hoje acordei um pouco depois das sete da manhã, liguei o rádio e a Guaíba estava transmitindo o desfile. Parênteses: não é meio esquisito transmitir desfile de carnaval pelo rádio?

A Imperadores estava entrando na “avenida”, o repórter estava emocionado e eu também me emocionei. Queria estar lá! 

Pulei da cama, coloquei uma roupa qualquer, peguei umas bolachinhas e me dei conta de que não sabia como chegar no sambódromo. Liguei o computador e fui ao oráculo do Google. A página da Prefeitura tem 2233 fotos do carnaval, mas não tem o endereço do sambódromo e muito menos um mísero mapinha para explicar como chegar ao Porto Seco, onde fica o sambódromo.

Descobri então, que existe uma Associação dos Proprietários e Usuários do Porto Seco. A página deles também não tem nenhuma indicação de como chegar, mas, pelo menos tem o endereço. 

Como sei para que lado fica o dito cujo sambódromo e tenho um guia da cidade, peguei meu carro e lá fui eu bem faceira e animada. Pensei que encontraria placas indicando o caminho, assim como há placas indicando os xópins. Placas? Santa ingenuidade a minha, a primeira e única está quase lá, quando não se necessita mais dela.

Lá pelas tantas tive que pedir auxílio a um motorista de táxi, mas ainda faltava muito - e como faltava... Enfim, cheguei. Mas, credo, é no fim do mundo e o que é pior: no meio do nada!

Como já eram oito horas da manhã, pude deixar o carro bem pertinho e corri para ver o desfile. Foi a glória, a IMPERADORES homenageando o INTERNACIONAL:

- “Bate mais forte o meu coração, vermelho e branco hoje invade a cidade, sou colorado sou imperador, nesse mar eu vou, que felicidade”!

Arquibancadas lotadas com um monte de gente de todas as idades. Todo o mundo em pé, dançando, cantando e vibrando. Lindo de ver! E feliz, eu dancei, cantei e vibrei junto.

Um espetáculo! Eram oito e meia da manhã, aquelas pessoas passaram a noite acordadas e ainda tinham todo aquele entusiasmo. Emocionante!

E por isto fiquei com vergonha de ser porto-alegrense. Como foi que nós tivemos a coragem de empurrar quase para fora da cidade uma manifestação tão bonita, tão alegre e que envolve e emociona tanta gente?

E não me falem em “Complexo Cultural do Porto Seco”. Que complexo cultural é este que abriga só um tipo de cultura, a negra? Porque o desfile do sete de setembro não é lá? Porque o desfile do vinte de setembro não é lá?

Como grande parte dos brasileiros que se declaram brancos, sou só aparentemente branca. Minha bisavó negra casou com um alemão e o resto foi aquela mistura braba: italiano, português, espanhol e índio. 

Deve ser por isto que voltei pra casa me sentindo agredida, segregada e envergonhada. Mas, principalmente, voltei muito triste com a nossa falta de sensibilidade e respeito.

2009:



20.2.14

Duas historinhas com Glênio Bianchetti

Em 1981, quando voltei para Porto Alegre depois de ter passado 10 anos fora, "cunhei" a seguinte frase: "Porto Alegre, quem não se conhece é parente, o desconhecido não existe".
De lá pra cá, só tenho confirmado isso.

Pois, um primo da minha avó materna era casado com a Jussara, que é irmã da Ailema, que era mulher do Glênio. E além disto, minha tia Theresa foi colega dele no Belas Artes e meu pai e meu tio foram amigos dele na juventude, em Porto Alegre.
Glenio e Ailema moravam em Brasília, mas nós nos encontramos algumas vezes.

Lá por 1973/74, ganhei da Jussara uma xilogravura fantástica do Glênio. Estava na chácara em  que ela morava, em Gravataí, tinha sido feita vinte anos antes, mas como ele não gostou da cópia, ficou por lá.
Na época, estava na moda fazer "póster" (no sul, dizíamos bem assim) e então, a xilogravura foi grudada num compensado, e ficou com a aparência de um cartaz.
E que gafe a minha que não tinha a menor noção de qual era a forma correta de emoldurar  uma gravura...

Em 1976, quando eu morava em Brasília, nasceu meu filho Ricardo e o Glênio e a Ailema foram nos visitar. Na parede da sala, em lugar de destaque, estava o meu lindo "póster"!
Conversávamos sobre a obra, que não estava assinada, quando a Ailema sugeriu, na frente do Glênio, que eu pedisse para ele assinar.
Fiquei sem graça. Ele havia refugado aquela cópia e, se fosse assinada, seria reconhecida como sua passando a ter um grande valor no mercado de arte.
Não tive coragem de pedir e ele, um pouco tímido, não tomou a iniciativa.
E até hoje, a xilogravura está grudada em um compensado e sem a assinatura dele.
Mas, a emoção e a beleza do trabalho estão à nossa disposição!

Em 1986, fui visitar a Jussara e o Glênio estava na casa dela.
Ele tinha trazido uma série de serigrafias que seriam expostas em uma galeria de Porto Alegre e, consequentemente, vendidas.
Fique tão encantada com uma delas que resolvi comprar. Na época, meu salário era muito baixo e, com dois filhos e uma pensão pequena do ex-marido, o dinheiro acabava antes do mês.
Minha mãe ficou muito indignada, porque achou que eu estava botando o meu - já pouco - dinheiro fora. Felizmente, ela não conseguiu me demover e eu consegui pagar e a partir daquele dia, dei à serigrafia o apelido de "cocaína", rsrsrsrsrs.
Nunca me arrependi da compra e a ela reina absoluta em nossa sala, enchendo de beleza os nossos olhos e o nosso coração!