20.2.14

Duas historinhas com Glênio Bianchetti

Em 1981, quando voltei para Porto Alegre depois de ter passado 10 anos fora, "cunhei" a seguinte frase: "Porto Alegre, quem não se conhece é parente, o desconhecido não existe".
De lá pra cá, só tenho confirmado isso.

Pois, um primo da minha avó materna era casado com a Jussara, que é irmã da Ailema, que era mulher do Glênio. E além disto, minha tia Theresa foi colega dele no Belas Artes e meu pai e meu tio foram amigos dele na juventude, em Porto Alegre.
Glenio e Ailema moravam em Brasília, mas nós nos encontramos algumas vezes.

Lá por 1973/74, ganhei da Jussara uma xilogravura fantástica do Glênio. Estava na chácara em  que ela morava, em Gravataí, tinha sido feita vinte anos antes, mas como ele não gostou da cópia, ficou por lá.
Na época, estava na moda fazer "póster" (no sul, dizíamos bem assim) e então, a xilogravura foi grudada num compensado, e ficou com a aparência de um cartaz.
E que gafe a minha que não tinha a menor noção de qual era a forma correta de emoldurar  uma gravura...

Em 1976, quando eu morava em Brasília, nasceu meu filho Ricardo e o Glênio e a Ailema foram nos visitar. Na parede da sala, em lugar de destaque, estava o meu lindo "póster"!
Conversávamos sobre a obra, que não estava assinada, quando a Ailema sugeriu, na frente do Glênio, que eu pedisse para ele assinar.
Fiquei sem graça. Ele havia refugado aquela cópia e, se fosse assinada, seria reconhecida como sua passando a ter um grande valor no mercado de arte.
Não tive coragem de pedir e ele, um pouco tímido, não tomou a iniciativa.
E até hoje, a xilogravura está grudada em um compensado e sem a assinatura dele.
Mas, a emoção e a beleza do trabalho estão à nossa disposição!

Em 1986, fui visitar a Jussara e o Glênio estava na casa dela.
Ele tinha trazido uma série de serigrafias que seriam expostas em uma galeria de Porto Alegre e, consequentemente, vendidas.
Fique tão encantada com uma delas que resolvi comprar. Na época, meu salário era muito baixo e, com dois filhos e uma pensão pequena do ex-marido, o dinheiro acabava antes do mês.
Minha mãe ficou muito indignada, porque achou que eu estava botando o meu - já pouco - dinheiro fora. Felizmente, ela não conseguiu me demover e eu consegui pagar e a partir daquele dia, dei à serigrafia o apelido de "cocaína", rsrsrsrsrs.
Nunca me arrependi da compra e a ela reina absoluta em nossa sala, enchendo de beleza os nossos olhos e o nosso coração!







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