Fevereiro de 2016:
"Antes de militar no PT, a partir de 1990, fiz política estudantil na universidade e fui simpatizante do gupo da Dilma no PDT.
Me interesso por
política desde que nasci porque conviver com os Sampaios era ouvir conversas sobre políticos e discussões políticas desde muito cedo. Meu avô, em
1954, foi candidato a governador do Estado pela Frente Popular e eu, com 7
anos, participei da campanha!
Nunca aceitei
gurus, nem o "centralismo democrático" e nem algumas outras
características que os partidos de esquerda tinham e que me lembravam a “santa
madre igreja” (os amigos de esquerda entenderão sobre o que eu falo).
Infelizmente, o PT onde
eu militei e que eu defendi com ardor acabou.
Não vi o partido
chamar para nem uminha mobilização em apoio ao governo Dilma! Quem chama é a
frente da qual o PT faz parte.
Que absurdo é este?
Agora, quando três
senadores do PT não estavam presentes nesta votação fundamental, para alguns
companheiros de esquerda a culpa é da Dilma e muitos estão declarando não
apoiar mais o governo porque "cansaram" dos seus erros.
Deixar de apoiar a
Dilma e fazer o que mesmo?
Quem sabe não seria
bom aceitar que o PT mudou e mudou muito!
Quem sabe não está
na hora de encarar de frente esta tristeza?
O PT deixou pelo
caminho a sua ideologia e, assim como outras experiências mundiais, a “burrocracia”
tomou conta dos rumos do partido e tornou-se maioria!
Todo o meu apoio ao
Governo Dilma!
1. não lembro mais a que votação me referia na época, se alguém souber por favor me diga. Fiz uma busca no Google e não achei nada;
2. em 2015, também no FB, declarei que era Dilmista e não mais petista. Hoje, acredito que Lula é muito maior do que o PT.
Fevereiro de 2017
Todos nós que lutamos por um outro mundo e que acreditamos na utopia do “hombre
nuevo” estamos nos sentindo como escreve Maria Lucia Dahl. Ainda acredito que um outro mundo é possível, mas, certamente, com outras
pessoas...
"Estive pensando muito na minha geração, da qual fui fã e tiete.
Admirei e defendi ardorosamente toda a sua virada de mesa dentro de um contexto
geral: político, social, sexual, bissexual, feminista, libertário e até na
revolução da moda , das saias, dos cabelos, reflexo imediato do pensamento
revolucionário.
Mas agora, depois dessa mesma geração estar no poder comecei a repensar
nossas atitudes. Pra mim, 68 não tinha erro, embora fosse uma geração experimental
e nem toda experiência seja fadada ao sucesso, mesmo que eu continue achando
muito melhor tentar do que ficar parado, até prova em contrário.
Quando o pai da minha filha, líder estudantil e exilado político,
discursava na Cinelândia, ao lado de Vladimir Palmeira, dizendo: “Nós vamos
tomar o poder”, eu me preocupava, porque os achava jovens demais, sem
experiência nem prática, apenas terminando a faculdade.
Então, trinta anos depois, quando finalmente tomamos o poder, pensei: “agora
tudo vai dar certo. Está todo mundo mais velho, mais sábio, mais experiente e
amadurecido em suas ideias. O que eu não podia imaginar era que, pelo menos a
maioria não pensava mais daquele jeito.
Como posso admitir que alguém vá preso e torturado por um ideal se
realmente não acredita nele acima de tudo? Ninguém é crucificado pra ficar
rico, privando o povo de escolas, hospitais, aposentadoria, dignidade. Isso pra
mim não bate. Ou se está de um lado ou de outro.
Será que, diferentemente do que eu achava, se tivessem tomado o poder quando
jovens, teria sido diferente? Que só jovem tem ideologia? Que com a idade
troca-se a ideologia pelo poder? Que a força da grana, como diz Caetano, ergue
e destrói coisas belas? Que éramos apenas sonhadores, como dizia Bertolucci?
Libertários na ficção, na imaginação e que a teoria, na prática era outra?
Por um momento fiquei confusa, até constatar que continuo acreditando
nos mesmos valores: democráticos, políticos, sociais, bissexuais, feministas,
libertários. Continuo acreditando em “liberdade sem medo”, que era o lema de
Summerhill, o que havia de mais amoroso e avançado em matéria de educação,
continuo acreditando no amor e na paz como condições definitivas para o
progresso, continuo apoiando a verdade contra os fingimentos da década de 50,
cheios de garçonnières, esconderijos, traições, mentiras.
Mas infelizmente, não acredito mais no ser humano. Não era o pensamento
nem o ideal da minha geração que estavam errados, ambos estavam certíssimos, e
não tenho dúvidas de que pertencia a uma juventude que queria mudar o mundo de
verdade.
Não acho que tenhamos sido apenas sonhadores. Nossa teoria estava certa
e o sonho só acabou, como disse Lênin e depois Lennon, porque o homem continua
bárbaro e não evolui um segundo da Idade da Pedra, até agora, em matéria de
consciência.
Prefere a guerra, o desamor e o sofrimento em nome do dinheiro e do
conforto. Mas que conforto, se o feitiço virou contra o feiticeiro? Quem
espalha miséria, sofrimento, escravidão, receberá tudo isso de volta. É a lei
do retorno, da consciência, dos atos.
Para que vivêssemos em paz, bastaria amar o próximo como a nós mesmos.
Por isso acho que não foi Summerhill que errou em dar liberdade sem medo às crianças,
não é a opção sexual que nos faz melhores ou piores, mas o fingimento, a
mentira. Tudo o que não for verdadeiro sairá do fundo do poço, felizmente
sobrando a esperança, como na caixa de Pandora. Basta saber o que fazer com
ela.
Por que não foi o sonho que acabou, mas o homem que escolheu o
pesadelo."