Maria Lucia P. Sampaio
Florianópolis. SC.
20.9.25
Sobre a Revolução Farroupilha I
Com a palavra Juremir Machado da Silva:
Até quando vamos endeusar a revolução farroupilha? Até
quando?
Sim, até quando teremos de mentir ou omitir para não
incomodar os poderosos individuais ou coletivos?
Até quando teremos que tapar o sol com a peneira para não
ferir as suscetibilidades dos que homenageiam anualmente uma “revolução” que
desconhecem?
Até quando teremos de aliviar as críticas para não ofender
os que, por não terem estudado História, acreditam que os farroupilhas foram
idealistas, abolicionistas e republicanos desde sempre?
Até quando teremos de fazer de conta que há dúvidas
consistentes sobre a terrível traição aos negros em Porongos?
Até quando teremos de justificar o horror com o argumento
simplório de que eram os valores da época? Valores da traição, do escravismo,
da infâmia?
Até quando fingiremos não saber que outros líderes – La
Fayette, Bolívar, Rivera – outros países – Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia –
e outras rebeliões brasileiras – A Balaiada, no Maranhão, por exemplo – foram
mais progressistas e, contrariando “valores” da época, ousaram ir aonde os
farroupilhas não foram por impossibilidade ideológica?
Até quando a mídia terá de adular o conservadorismo e a
ignorância para fidelizar sua “audiência”?Até quando deixaremos de falar que
milhões de homens sempre souberam da infâmia da escravidão? Os escravos.
Até quando minimizaremos o fato de que a Farroupilha, com
seu lema de “liberdade, igualdade e humanidade”, vendeu negros para se
financiar?
Até quando deixaremos de enfatizar que os farrapos prometiam
liberdade aos negros dos adversários, mas não libertaram os seus?
Até quando daremos pouca importância ao fato de que a
Constituição farroupilha não previa a libertação dos escravos?
Até quando deixaremos de contar em todas as escolas que
Bento Gonçalves ao morrer, apenas dois anos depois do fim da guerra civil,
deixou mais de 50 escravos aos seus herdeiros?
Até quando? Até quando?
Até quando adularemos os admiradores de um passado que não
existiu somente porque as pessoas precisam de mitos e de razões para passar o
tempo, reunir-se e vibrar em comum?
Até quando os folcloristas sufocarão os historiadores?
Até quando o mito falará mais alto do que a História?
Até quando não se dirá nos jornais que os farroupilhas foram
indenizados pelo Império com verbas secretas? Que brigaram pelo dinheiro? Que
houve muita corrupção? Que Bento Gonçalves e Neto não eram republicanos quando
começaram a rebelião? Que houve degola, sequestros, apropriação de bens
alheios, execuções sumárias, saques, desvio de dinheiro, estupros, divisões
internas por causa de tudo isso e processos judiciais?
Até quando, em nome de uma mitologia da identidade, teremos
medo de desafiar os cultivadores da ilusão?
Até quando historiadores como Décio Freitas, Mário Maestri,
Sandra Pesavento, Tau Golin, Jorge Eusébio Assumpção, Spencer Leitman e tantos
outros serão marginalizados?
Até quando nossas crianças serão doutrinadas com cartilhas
contando só meias verdades?
Até quando a rebelião dos proprietários será apresentada
como uma revolução de todos?
Até quando mentiremos para nós mesmos?
Até quando precisaremos nos alimentar dessa ilusão?
Até quando viveremos assim?
Publicado em setembro de 2016, na Revista Afinal do Instituto Humanitas Unisinos.
28.1.25
Residente - "This is Not America"
Em 2022, o portoriquenho René Joglar Pérez, conhecido como Residente, compôs o rap "This is Not America" e lançou um clipe que provocou grande impacto, por sua letra e por suas imagens. Os intérpretes são: o próprio Residente e o duo "Ibeyi", com Naomi Diaz, na percussão e Lisa-Kaindé nos vocais). Vi na Internet que, naquele ano, "viralizou", mas, eu não conhecia e assisti ontem, pela primeira vez.
"Estamos aqui, oi, estamos aqui, me olhe, estamos aqui!Há muito tempo, quando vocês
chegaram, as pegadas dos nossos sapatos já estavam lá. Vocês roubaram até a
comida do gato e ainda estão
lambendo o prato. Hoje, muito puto com esses ingratos, bato forte
nos tambores até que me acusem
de maus tratos.
Se você não
entende os fatos, então, vou te
mostrar na cumbia, na bossa nova, no tango
ou num vallenato colombiano A lo calabó e
Bambú, bem Frontú, sangue quente
como Timbuktu,* estamos incluídos
no cardápio.
*são versos de um famoso poema porto-riquenho, Calabó y Bambú, de Luis Palés Matos, criador do gênero de poesia afro-antilhano. Seus versos são chamados de "poemas negros".
2pac é chamado de 2pac por Túpac Amaru do Peru*²
* "2Pac" foi um rapper norte-americano, com o nome inspirado em Tupac Amaru, último imperador inca do Perú.
América não é
apenas os EUA, mano, é desde a Terra
do Fogo até o Canadá.Você tem que ser
muito estúpido e cabeça oca para pensar assim. É como dizer que
a África é apenas Marrocos Estes canalhas esqueceram que o calendário
que usam foi inventado pelos Maias.Com Valdivia
pré-colombiana,* desde muito
tempo, este continente
não para.
Mas, nem com toda a marinha eles podem tirar a peste camponesa* da vitrine.
* "a peste camponesa" : os movimentos pela reforma agrária
Isso vai para o capataz da empresa: o machete*não serve só pra cortar cana, serve também para cortar cabeças!
Estamos aqui,
sempre estamos, não fomos embora e não vamos embora!Estamos aqui para que
você se lembre: se você quiser,
meu machete te morde. Te morde! Te
morde!Os paramilitares,
a guerrilha, os filhos dos
conflitos, as gangues, as listas negras, os falsos positivos*, os jornalistas
assassinados, os desaparecidos...
*os "falsos positivos" da Colômbia, foram as vítimas inocentes
(civis pobres ou deficientes mentais) executadas pelos militares e apresentadas
como se fossem guerrilheiros. Era uma forma de aumentar o número de mortos no
combate ao narcotráfico, com o objetivo de conseguirem promoções e benefícios.
(quase 7.000 assassinados em 7 anos)
Os narco governos roubaram tudo.Os que se
manifestam e os que se esqueceram. as perseguições,
os golpes de estado, o país quebrado,
os exilados, a moeda
desvalorizada, o tráfico de
drogas, os cartéis, as invasões, os
imigrantes sem documentos, cinco presidentes
em onze dias*, a polícia
disparando à queima roupa.
Mais de cem anos
de tortura, a “Nova Trova” cantando em plena ditadura. Nós somos o
sangue que sopra a pressão atmosférica. Gambino, meu
irmão, isto sim é América*.
Estamos aqui, sempre estamos, não fomos embora e não vamos embora!Estamos aqui para que você se lembre: se você quiser, meu machete te morde. Te morde! Te morde!"
Em outubro de 2024, Residente visitou Pepe Mujica e recebeu dele este conselho: "Somos de gerações muito distantes, mas é bom que apareça gente com a cabeça livre neste mundo. Você semeou muito com a música por aí. Não se cale, siga." Assim esperamos!
p.s. pra quem quiser escutar a Beatriz Fagundes todas as manhãs, de segunda à sábado, na Rádio Manawa:
No programa tem de tudo: conselhos para ouvintes com problemas, discussão de temas abobrinhas e de temas sérios, música, muuuuuuuuita política e a participação dos ouvintes, para o bem e para o mal, rsrs
Recomendo!
19.1.25
Elis Vive!
19 de janeiro 1982, Porto Alegre, eu estava dirigindo e lembro de ter tido uma sensação muito estranha, a de que a cidade havia parado. Lembro bem, mas não sei explicar.
Só no final do dia soube da morte da Elis. Foi uma enorme tristeza e
difícil de acreditar..
Fiquei sabendo que estava sendo organizada uma vigília no Auditório
Araújo Viana, onde vários músicos iriam se apresentar. Não sei de quem foi a ideia, mas foi uma grande ideia porque
assim tivemos um lugar para chorarmos juntos.
A noite estava fria, apesar de ser janeiro e fui com a minha amiga Carmen Peña Sommer.
Meses antes, eu assisti "Trem Azul", seu último show. E, quando terminou, eu e um grupo não muito grande, queríamos falar com Elis. Ela mandou um recado: nos receberia no hotel no dia seguinte. Mas, eu não fui......
Do livro "Elis Regina", de Zeca Kiechaloski:
“Em setembro desse mesmo ano, Elis faria sua última apresentação (...) em Porto Alegre. (...) No Gigantinho, Elis se reencontra definitivamente com a sua terra. O público delira e Elis chora de emoção já que morria de medo a cada apresentação em Porto Alegre. Faz brincadeiras com a plateia, canta repetidas vezes Maria, Maria, existe um perfeito entrosamento entre público e artista.” Descrição perfeita!
Toneco da Costa e Giba Giba, compuseram uma canção em homenagem à Elis. Quis postar a linda interpretação da Gloria Oliveira, mas o vídeo desapareceu do Youtube. Posto então, uma gravação que fizemos, Toneco da Costa e eu, ao vivo de improviso e sem ensaio.
12.1.25
Histórias do Zeca
Em julho de 2016, foi descoberto um inoperável câncer no seu pulmão, apesar dele ter parado de fumar em 1979. Em nenhum momento sofreu alguma
dor física e partiu tranquilo como uma vela que se apaga.
Ele foi um dos primeiros cartunistas profissionais do Rio Grande
do Sul (se não o primeiro), publicando na prestigiada Revista do Globo, nos anos 1940
e 1950. Depois seguiu publicando seu trabalho em vários jornais e inclusive na TV.
Nos anos 1980, resolveu abandonar o jornalismo para se dedicar somente à sua carreira de servidor público no TRE/RS, mas, nunca parou de desenhar.
Hoje, no Facebook, vi uma foto que me lembrou uma história que meu pai contava.
Foto:"Homem segurando uma árvore durante o furacão Carol", 1954 (foto atribuída a Stanley Hall)
Um dia, toda a família estava reunida na casa dos meus avós, mas meu pai ainda não tinha chegado. Chovia a cântaros em Porto Alegre, com uma ventania muito forte.
Quando ele chegou, alguém perguntou como estava na rua, ao que ele respondeu: "O vento está tão forte que em cada árvore há um guarda segurando pra ela não cair".
Pra que foi dizer isto? Minha mãe acreditou e foi correndo para espiar na janela e todos riram. Que maldade...
Lembrei de outras histórias que vou contar pra vocês:
Essa não teve testemunhas e a minha mãe ficava braba quando ele contava, mas ria muito e dizia era mentira. Sabe-se lá, rsrs
Teria acontecido na praia de Arroio do Sal, litoral do Rio Grande do Sul. Minha mãe não sabia nadar e tinha muito medo do mar. Era uma pessoa comumente chamada de "um prego dentro d´água".
Meu pai estava na areia quando a minha mãe, do mar, começou a gritar: - "Zeca, socorro, estou me afogando!" e, calmamente, meu pai teria respondido:- "Fique de pé!". E, reza a lenda que ela ficou em pé e a água estava na altura dos joelhos, rs
Como o mar no litoral gaúcho tem buracos, então pode até ter sido verdade, mas nunca saberemos...
Não sei se ainda existe um jogo de dados chamado General que meu pai costumava jogar com os amigos no bar do Juvenal, na rua André da Rocha em Porto Alegre. Perto dali havia um quartel do exército.
Num belo dia, na época da ditadura, um oficial chegou lá, não gostou da jogatina com o nome de General e cobrou uma atitude do dono do bar para acabar com aquilo.
Meu pai se meteu, o milico não gostou e o chamou "pra briga". Como ele não era de briga respondeu: "Não bato em homem fardado". Então, rapidamente, o homem tirou a parte de cima da farda, se preparou para brigar e escutou: "Não bato em homem pelado".
Ao ouvirem isto os amigos que estavam no bar caíram na risada. O valentão não aguentou o deboche e teve que ir embora.
Meu pai tinha horror dos milicos! Dá pra perceber?
"E acabou-se o que era doce, quem comeu se regalou-se"
11.1.25
Um Natal inesquecível
Em 1986, meus filhos estavam com o pai e eu fui com a minha avó e a minha tia passar o Natal em São Paulo. A festança seria na casa de uma das minhas primas com toda a parentalha "paulistana" presente.
Algumas das crianças ainda acreditavam no Papai Noel e era uma tradição deles a presença do "bom velhinho" ao vivo e a cores. Mas, algumas estavam naquela fase do acredito/não acredito e por isto o Papai Noel não poderia ser o meu tio, como rezava a tradição. Certamente, seria reconhecido pelas mais velhas.
Chegamos em São Paulo poucos dias antes da festa de Natal e estávamos hospedadas na casa dos meus tios. As crianças ainda não tinham me visto e, além disto, nos víamos poucas vezes durante o ano, portanto, difícilmente me reconheceriam. Sendo assim, eu fui a escolhida para ser o Papai Noel e achei bem bom! Ainda não tinha a roupa que eu usaria, rsrs Meus tios e sua família, anos antes, haviam vivido nos Estados Unidos e a roupa tinha sido trazida de lá.
Cheguei na festa escondida e fui direto me transformar no Papai Noel.
Surpresa!!!!! A roupa era da mais quente e puríssima lã! Um pequeno detalhe só pra lembrar: no hemisfério norte o Natal é no inverno e no sul é no verão.
Pronta, fiquei esperando com o saco de brinquedos nas costas, o momento do Papai Noel entrar.
Porém...
Lá pelas tantas, começou a me dar um calorão e a única coisa que eu queria era tirar aquela roupa super quente de cima de mim!
Então, o Papai Noel, que não fazia Ho! Ho! Ho! (naquela época ele falava com as crianças), começou a se despedir, preparando a retirada.
E as crianças pedindo para o Papai Noel ficar.
Mas, comecei a me sentir mal por causa do calor e a saída teria que ser muito rápida porque achei que iria desmaiar. Já imaginaram o Papai Noel desmaiado?
Me despedi e quando estou, de costas, quase na porta da rua, sabe-se lá porque uma das tias grita: -Maria Lucia! E não deu outra, o Papai Noel se virou... Então, as crianças mais velhas começaram a gritar: - é a Maria Lucia! É a Maria Lucia!
Não lembro do que aconteceu depois e nem se ficaram convencidas de que era eu. Se foi assim, o meu quase-desmaio foi em vão.
E depois que o Papai Noel foi embora e eu curti muito a festa que estava muito boa!
6.1.25
Viva o Cinema Brasileiro!
E viva Marcelo Rubens Paiva, Walter Salles, Fernanda Torres,
Fernanda Montenegro, Selton Mello, Murilo Hauser e Heitor Lorega (roteiristas)
e toda a equipe!
Viva Eunice e Rubens Paiva, e VIVA A DEMOCRACIA!
25.11.24
A calça amarela!
Era verão de 2001 e uma tarde
“daquelas” em Porto Alegre, um calorão que só quem mora lá sabe o horror que é.
Eu trabalhava na Comunicação da prefeitura. Um belo dia, me chamaram na portaria (em geral, eu era chamada nos "momentos complexos") e encontro um senhorzinho esbravejando, furioso. Demorei a entender o que estava acontecendo, até que ele virou de costas e me mostrou a parte detrás das calças: toda manchada de tinta amarela!
O que aconteceu? Ele quis descansar à sombra e se sentou num banco na Praça Daltro Filho (para quem é da cidade, aquela na frente do Cinema Capitólio). Só que o banco estava recém pintado de amarelíssimo ouro... Como “desgraça pouca é bobagem” ele caminhou oito quadras sob o sol inclemente para chegar até a prefeitura. Imaginem, então, como chegou lá.
A responsabilidade pela pintura era do Departamento de Limpeza Urbana, órgão da prefeitura, portanto, ele estava no lugar certo. Imaginem a cena: o senhorzinho cansado, suado, furioso e dizendo com muito orgulho que a calça era do Renner.
Depois de conseguir acalmá-lo, entendi que caberia a nós a solução. Sabe-se lá se não era a única calça social dele. Assim, pedi que voltasse trazendo a calça, ainda sem saber como seria resolvido. Convenhamos, a situação era engraçada, não pra ele, é claro, rsrs
Fui conversar com o chefe, já
que, ao fim e ao cabo, era ele quem teria que resolver. Pediu que eu fosse ao Renner para descobrir o valor da calça. Vi e não
era nada barata!
O senhorzinho voltou com a calça, mas não havia como resolver o problema administrativamente. O chefe estava brabo porque ele não comprava calças tão caras, rsrs A solução que encontrou foi levar a calça na reunião do secretariado, expor o acontecido e fazer uma “vaquinha”. Deu certo!
Conclusão: Fui à loja com a vítima, comprei a
calça e ele ficou feliz!
Como a calça ficou conosco, quando voltei, vesti por cima do meu jeans e desfilei com ela pela Comunicação, rsrs
E por que escrevo isto hoje? Porque encontrei no Facebook a ilustração perfeita para esta história e me lembrei dela.
20.11.24
Viva o Dia da Consciência Negra!
Na minha infância, a bisavó Glória morava conosco. Morreu quando eu tinha 10 anos.
Negra, casou-se com o filho de um
alemão e nasceram vários filhos mulatos com sobrenome alemão.
Sua filha, minha avó Elvira, casou-se com o filho de uma espanhola e de um italiano. Me dizia que, se morássemos nos EUA, teríamos que entrar nos ônibus pela porta dos fundos! Nunca entendi muito bem...
Suas amigas mais próximas eram
todas negras e mulatas.
Minha mãe, sua filha, casou-se com o filho de um autêntico nobre português e de uma missioneira de São Luiz Gonzaga. Os amigos dos meus avós paternos eram todos brancos.
Mas, eu nunca notei grande diferença entre todos estes personagens da minha infância.
Uma vez, o nosso cachorro
"comeu" quase todos os seus bonequinhos do Play Mobil e só sobraram
os bonecos negros.
Eles reclamaram muito, dizendo que
"só tinham ficado com bonequinhos negros".
Quando perguntei o porquê desta
bobagem, já que convivíamos com uma negra e gostávamos muito dela, a reação foi
de espanto.
Até hoje lembro a expressão deles,
que nunca tinham se dado conta da diferença na cor da pele...
Eu também, só quando já era adolescente, olhando essa foto da minha bisavó, me dei conta de que ela era negra e bem negra!
21.10.24
Caneca quebrada!
Pois é, tudo começou com uma caneca quebrada!
Enviei este vídeo para minha amiga Susana Hausen, arquiteta como eu e minha colega na Prefeitura de Porto Alegre. Usávamos um carimbo com os nossos nomes quando assinávamos os pareceres nos processos. E qual era o sonho dela? Ter um carimbo escrito "foda-se", rsrs.
O resto eu conto no vídeo que mandei para a Suzana:
Então, recebi a seguinte resposta:"Temos que fazer um curso pra formar mágicos. É completamente
impossível, ter-se um bom dia neste planeta, caso sejamos pessoas conscientes.
É impossível acreditar, que conseguiremos, enquanto humanidade, a reversão
de tanto dano causado. Todo mundo acha que haverá solução. A solução já passou
da hora! A maldade deste bicho homem é absurda! É como dizia aquele personagem
do Jô Soares: "Tira o tubo!"
Estamos quase nos oitenta anos e não temos o direito de sonhar um mundo melhor! Neste quadro terrível estamos todos fodidos e alquebrados. Assim, nada mais digno que uma caneca quebrada. Ela poderá servir para nosso conforto espiritual. Jesus pendurado na cruz é até hoje um símbolo de esperança. Quem sabe uma caneca quebrada, colada e com muitos "foda-se" seja o símbolo da resistência, da esperança e da irreverência.
Quem sabe tá na hora de se criar a "Igreja do Fôda-se universal". E, adivinha o que estaria no altar? Ela, a caneca fodida!
p.s gostarei muito do presente, pode ter certeza! "
E a minha resposta: "É difícil aceitar a ideia de que os nossos sonhos ficaram no caminho e que esse "mundo melhor" junto com o "homem novo" do Che que acreditamos possível, deu em nada. Deu em nada? Não, é bem pior, deu neste momento presente que estamos vivendo de ganância, de desrespeito a tudo, da ausencia dos valores que nos formaram... Portanto, sou parceira na criação na criação da Igreja do Fôda- se Universal!"
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Em 1º de abril de 1964 eu tinha 16 anos, morava em Porto Alegre e já gostava de política. Ainda não era ligada a nenhum grupo mas...
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"Hay más verdad en los recuerdos que en la historia." Remis Ramos Belmar Para nós, brasileiros que viv...
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Maria Lucia tinha 25 anos e estava lá. Queria construir com o povo chileno o tão sonhado mundo novo. Seu sonho era o mesmo de muit...