Hoje, BB morreu.
Fiquei procurando uma outra forma de dizer, mas preferi a real: morreu.
Tenho duas lembranças
marcantes com ela.
A primeira é de 1959.
Eu tinha 12 anos quando
Brigitte se casou com Jacques Charrier. A foto dos dois, no dia do casamento,
correu o mundo, chegou até Porto Alegre, e o vestido que ela usava entrou na
moda!
Se tornou meu sonho
de consumo, meu e de todas as outras
adolescentes. Era de algodão
xadrezinho, um tecido que, até então, só era usado em toalhas de mesa, com
bordado inglês nas mangas e no decote.
E eu ganhei um!
Naquele tempo, nossos
vestidos eram feitos por costureiras da nossa família ou profissionais, mas só
as mulheres costuravam.
Não lembro quem fez o meu. Pode ter sido a minha
avó Dulce, que costurava muito bem. Um dia até tentou me ensinar, mas perdeu a
paciência e desistiu, rsrs.
Foi tão importante este vestido que lembro até
hoje como eu me sentia linda com ele.
A outra lembrança é do mesmo ano ou do ano
seguinte:
Minha avó Elvira, com quem morávamos,
frequentemente me levava ao cinema. Em geral, íamos ao Cinema Avenida, pertinho
da nossa casa na Cidade Baixa, em Porto Alegre.
Por causa da minha idade, só podíamos assistir
filmes de censura livre.
Um dia, antes do filme começar, estávamos vendo os
trailers, quando apareceu Brigitte Bardot, nuinha, de barriga para baixo,
tomando banho de sol.
O filme era “E Deus criou a mulher”, proibido para menores de 18 anos, e tornou-se um escândalo e um sucesso mundial! Foi censurado em alguns países e trouxe à tona a discussão do papel da mulher como objeto sexual e a necessária liberação feminina.
Mas, voltemos à sessão de cinema.
Minha avó ficou muito indignada e, quando saímos, deu uma carraspana no gerente por ter passado aquele trailer obsceno antes do filme de censura livre!
Brigitte Bardot tornou-se o símbolo sexual da época, desbancando Marilyn Monroe. Ganhou até uma marchinha de sucesso, no carnaval de 1961, composta pelo jornalista Miguel Gustavo e gravada em outros idiomas.
Com o passar dos anos, Brigitte se mostrou racista
e de extrema direita.
Que em paz descanse.


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