28.12.25

Brigitte Bardot e eu


Hoje, BB morreu. Fiquei procurando uma outra forma de dizer, mas preferi a real: morreu.

Tenho duas lembranças marcantes com ela.

A primeira é de 1959.

Eu tinha 12 anos quando Brigitte se casou com Jacques Charrier. A foto dos dois, no dia do casamento, correu o mundo, chegou até Porto Alegre, e o vestido que ela usava entrou na moda!

Se tornou meu sonho de consumo, meu e de todas as outras 
adolescentes. 
Era de algodão xadrezinho, um tecido que, até então, só era usado em toalhas de mesa, com bordado inglês nas mangas e no decote. 

E eu ganhei um!

Naquele tempo, nossos vestidos eram feitos por costureiras da nossa família ou profissionais, mas só as mulheres costuravam.

Não lembro quem fez o meu. Pode ter sido a minha avó Dulce, que costurava muito bem. Um dia até tentou me ensinar, mas perdeu a paciência e desistiu, rsrs.

Foi tão importante este vestido que lembro até hoje como eu me sentia linda com ele.

Meus tios, meus primos e eu (me sentindo linda, rsrs)

A outra lembrança é do mesmo ano ou do ano seguinte:

Minha avó Elvira, com quem morávamos, frequentemente me levava ao cinema. Em geral, íamos ao Cinema Avenida, pertinho da nossa casa na Cidade Baixa, em Porto Alegre.

Por causa da minha idade, só podíamos assistir filmes de censura livre.

Um dia, antes do filme começar, estávamos vendo os trailers, quando apareceu Brigitte Bardot, nuinha, de barriga para baixo, tomando banho de sol.

O filme era “E Deus criou a mulher”, proibido para menores de 18 anos, e tornou-se um escândalo e um sucesso mundial! Foi censurado em alguns países e trouxe à tona a discussão do papel da mulher como objeto sexual e a necessária liberação feminina.

Mas, voltemos à sessão de cinema.

Minha avó ficou muito indignada e, quando saímos, deu uma carraspana no gerente por ter passado aquele trailer obsceno antes do filme de censura livre!

Brigitte Bardot tornou-se o símbolo sexual da época, desbancando Marilyn Monroe. Ganhou até uma marchinha de sucesso, no carnaval de 1961, composta pelo jornalista Miguel Gustavo e gravada em outros idiomas.

Com o passar dos anos, Brigitte se mostrou racista e de extrema direita.

Que em paz descanse.

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