Hoje, 2 de novembro, “Dia de Finados”, contei para meu neto Gabriel que ia escrever sobre uma viagem que fiz à Paris. A minha ideia é de que ele e os outros netos leiam quando eu não estiver mais por aqui, para se lembrar de mim e se alegrar. No início, ele ficou um pouco assustado, mas depois gostou da ideia.
Como eu me lembro de como foi a viagem? Porque fazia álbuns que ainda tenho, com fotos, recortes e anotações. Teria muito para contar, mas vou poupar os meus netos e os outros possíveis leitores e tentar resumir, rsrs.
Sempre adorei viajar e foi em 1993 que ganhei um presentão dos meus pais: encontrar em Paris o meu filho Miguel (então com 14 anos), que estava vivendo com o pai na Inglaterra. Eu não o via há seis mese e estava morrendo de saudade. Naquele tempo não havia internet e uma chamada telefônica era caríssima.
E por que em Paris? Porque lá viviam os amigos Toribio-Schmidt (Schimitão, Mary e seus filhos Rafael e René, que eram amigos do Miguel e Laetícia, então com dois aninhos). Todos me receberam de braços e corações abertos e foi um mês inesquecível e maravilhoso.
Para poder
ficar este tempo na França, meu pai e minha mãe tiveram que apresentar no Consulado uma declaração de
que arcavam com o custo da viagem. Como arquiteta do governo do Rio Grande
do Sul meu salário não era o suficiente para fazer esta viagem.
Dia 3 de outubro cheguei a Paris emocionada e um pouco assustada. O aeroporto parecia estar em outra escala, as escadas rolantes ficavam dentro de tubos de acrílico, parecia que eu estava em outro planeta. Schimitão estava me esperando e voltamos por uma autoestrada supermoderna. Sim, era mesmo outro planeta, rsrs
O apartamento, no sul de Paris, ficava no 21º andar e da janela se via o Pantheon, Notre Dame, o
Sacré Coeur e o Arco do Triunfo(que não se vê na foto). À noite se via o Sacré Coeur iluminado!
No dia seguinte,
começou a minha aventura. Meu francês aprendido no ginásio e no Yazigi (uma escola de
línguas) ainda estava afiado e então lá fui eu.
Queria começar visitando a Notre Dame. Mary me orientou qual o ônibus eu deveria “pegar” e onde descer. Nem sei descrever o que senti quando vi a catedral ao descer do ônibus, só lembro que não acreditei que eu estava lá, rsrs. Quando entrei me senti em um filme, com a trilha sonora de um coro de meninos e é, claro, chorei muito.
E, nos dias seguintes, segui me maravilhando e me emocionando a cada nova descoberta. As árvores em tons de outono, os monumentos que eu conhecia por fotos e filmes, tudo que eu via fazia eu me sentir em um sonho. Estava muuuuuuuuuuuuuuito feliz!
No dia 6, Schimitão me levou para um longo passeio, caminhamos, caminhamos e caminhamos. Passamos pela feira na Rue Mouffetard, comemos “sanduiche grego”, com carne de ovelha e compramos caranguejos, tudo novidade para mim.
https://www.centrepompidou.fr/en/
E lá estavam outra vez as escadas rolantes dentro de tubos transparentes e, na medida em que íamos subindo, a cidade ia se mostrando. Muito emocionante. Vimos obras de artistas contemporâneos, o museu de arte moderna, havia cadeiras confortáveis para ver as obras, tudo tão civilizado!
No final da tarde comemos sorvete Berthillon na Ille Sant Louis. Lugar lindo, pensei em como seria bom me mudar para lá, rsrs
No domingo, 10 de outubro, Miguel, Renê e Rafael foram à Euro Disney. Adoraria ter ido e no dia seguinte, ouvindo as histórias deles, fiquei um pouco arrependida. Mas, quem sabe se eu fosse os meninos não teriam se divertido tanto, livres, leves e soltos?
Ao invés de ir com eles, fui visitar a mãe da Mary (o que foi muito bom) e depois fui caminhar sozinha. Ao anoitecer, apesar de ter um mapa me perdi e foi muito ruim não saber onde estava. Me assustei e foi bom ter durado pouco tempo, a sensação foi muito ruim.
Do álbum aquele que falei lá em cima: “Estou encantada com a boa convivência do moderno com o antigo. É tudo automatizado nesta cidade que tem passado por todos os cantos. Há placas nas ruas e nos prédios contando o que aconteceu naquele lugar, quem viveu ou morreu naquele prédio. Não tem outdoors e nem backlights. Viva!”.
Miguel e eu, comemoramos em Paris os 25 anos do Big Mac!
No dia 11, visitamos a Torre Eiffel. Miguel subiu até a 3ª plataforma e eu até a 2ª (este ingresso era mais barato). Depois, me arrependi porque o Miguel demorou muito para voltar. Impressionante a quantidade de turistas e de vendedores de quinquilharias (que desaparecem quando a polícia chega).
Lá vi obras de Van Gogh, Toulouse Lautrec, Gauguin, Renoir, Manet e tantas outras que já conhecia dos livros de pintura do meu avô Sampaio, que eu via desde muito pequena na casa dele.
No café ali em frente (que aparece lá atrás na foto), paguei 20 francos por uma Coca
Cola que, normalmente, custava 8
francos. E eu já sabia que não se deve comer e nem beber nada no entorno dos
museus, rsrs
Miguel adorou o Musée de l'Armée, museu da história militar, com uniformes, armas, desenhos, pinturas...
No domingo, dia 24, Schimitão me levou para mais um passeio à pé. Desta vez me mostrou também as entranhas da cidade, onde moravam os clandestinos, muitos cortiços e pobreza, triste...
Sim, rsrs, naquele tempo era assim, uma decepção. A Monalisa dentro de uma caixa de metal, com um vidro à prova de flash e na frente dela um monte de gente.
p.s. dia 5 de novembro voltei para casa. Dois dias antes iniciou uma greve da Air France no Charles de Gaulle e os sindicatos ameaçavam criar um "pandemônio", mas foi só um outro susto, rsrs
3 comentários:
Acabamos de ler juntos, Monsieur Champagne e eu - eu lendo e traduzindo em francês, ele ouvindo e vendo. ADORAMOS!!!!Super bem contado, dá vontade de fazer o itinerário. Quanta boa lembrança nos trouxe!!! Merci beacoup, mon amie. Un grand merci.
Há alguns anos estive no Pére Lachaise. Agora hé uma placa no muro dos fuzilamentos dos Communard. Duas curiosidades: um grande número das flores que ornam o túmulo do Allan Kardec são colocadas por brasileiros; o túmulo do Auguste Comte foi financiado pela Loja Positivista do Rio de Janeiro. Abraços, Flavio.
Queridos Betânea, Monsieur Champagne e Flávio, agradeço os comentários.
Beijo nos três!
Postar um comentário