Hoje, 20 de
maio, faz tempo demais que minha avó Elvira morreu. Eu tinha 18 anos e ela era
a mãe da minha mãe.
Não conheceu
os meus filhos, meus netos e nem o Xico.
Não me viu
arquiteta, nem cantora.
Não
participou da minha vida adulta.
Uma pena...
Na noite do
seu enterro (que eu não tive a coragem de assistir) meus companheiros do
"Coral de Câmara do Rio Grande do Sul" fizeram uma serenata na minha
janela.
Foi uma
linda e inesquecível manifestação de carinho.
Só seis
meses depois da sua morte consegui chorar, amparada pela minha amiga Selena.
A minha avó
não chorava. Acho que as tristezas foram tantas, que as lágrimas secaram e
somente um grito saía da sua garganta nos momentos de grande sofrimento.
Hoje, estou
com saudade da minha Vó-Mãe! Era assim que eu a via, minha avó e minha mãe e
era assim que eu a chamava.
Alguém tem
culpa desta confusão?
A minha
corajosa avó, “mulher separada” em Porto Alegre no início dos anos 30, que não
acreditou que sua filhinha estivesse pronta para ser mãe?
Ou a minha
frágil e jovem mãe, filha única, sem pai desde os 4 anos, solteira e grávida de
mim aos 17?
Agora, é
muito tarde para fazer esta pergunta. Não tem quem a responda e, de verdade, a
resposta não me interessa mais!
As feridas
já cicatrizaram...
E eu aprendi
muito com a minha Vó-Mãe.
Ela nunca me
ensinou a cozinhar, a costurar, estas coisas que, no meu tempo, as mocinhas
costumavam aprender até na escola.
Mas, minha
Vó-Mãe era sábia. Dizia que no dia em que eu quisesse fazer algo, qualquer
coisa que fosse, eu saberia fazer porque me interessaria em aprender e
aprenderia!
E assim foi
e assim é.
Para
surpresa de muitos, aprendi a fazer tudo o que eu quis fazer (até costurar e
cozinhar).
Obrigada
pela confiança, Vó-Mãe!
* na foto,
minha mãe e minha avó Elvira comigo, na Rua da Praia, em 1947.
2 comentários:
Que coisa mais... mais... bonita, é isso. Arrepio até a ponta do dedão do pé.
Que coisa maravilhosa testemunhar as pegadas que sua avó e sua mãe deixaram no mundo, com você.
beijo, Betânia!
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