18.6.21

A festa do meu cinquentenário!

Não faz muito, me dei conta de que não tinha escrito nada sobre a comemoração dos meus 50 anos com o show “50 anos esta noite”, onde cantei sozinha pela primeira vez.

 O palco não era novidade para mim. Aos seis anos, comecei a estudar balé, na escola do Professor Rolla e em todos os finais de ano, até os meus quinze anos, me apresentei nos espetáculos da escola, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. Tenho até diploma de bailarina, reconhecido pela Secretaria de Educação. Mas, eu estava sempre em grupo.

Neste mesmo período eu fazia parte do Orfeão Artístico do Colégio Pio XII. Cheguei a ser solista, mas era a minha voz que se destacava. Não lembro que idade tinha quando solei a "Noite Feliz" na Missa do Galo da Catedral Metropolitana de Porto Alegre, mas estava lá em cim,a no lugar do cor,o e ninguém me viu. 

Em uma festa da do colégio fui convidada a declamar uma poesia. A apresentação seria num auditório bem maior do que o nosso. Já estava com a poesia decorada e, na hora do ensaio geral, colocaram um microfone na minha frente. Pra que? O pavor foi tanto que a minha voz sumiu. Resultado: na hora da apresentação declamei sem microfone e fui ouvida por todos. Digamos que foi uma estreia um pouco atrapalhada, rsrs

Mais tarde, estive novamente no palco quando cantei no Coral de Câmara do Rio Grande do Sul onde éramos mais ou menos vinte cantores. Depois disto, o sexteto "Muito Prazer", onde era impossível eu não ser vista, rsrs. 

Mas, até ali, nunca tinha estado sozinha no palco.

Como seria uma plateia só de amigos não me pareceu tão assustador.

E lá fui eu, bem faceira e confiante e deu certo, rsrs. 

Até então, que eu me lembre, só tinha cantado em grupo: no “Orfeão Artístico” do Colégio PIO XII, no Coral de Câmara do Rio Grande do Sul”, como vocalista no show “Não Misture” dos gaúchos Giba Giba e Toneco da Costa, e no vocal que criei com amigos.

Sempre gostei muito de cantar e fui me acostumando a escutar as pessoas dizerem que eu tinha uma bela voz. Acho que foi com a proximidade dos 50 anos que me deu vontade e coragem para mostrar um pouco de mim, através da minha voz, e de partilhar com os amigos a emoção e a alegria que a música me proporciona.

Tudo começou com a minha sutil expulsão do grupo vocal que eu tinha criado e que meus filhos e minha tia tinham dado o nome. Nossos objetivos eram muito diferentes...

Mas, sabem aquela história antiga dos "males que vêm para bem"? Estávamos na metade de 1996 e resolvi estudar canto com a Andrea Augustin, para não parar de cantar.

No ano seguinte eu faria 50 anos e o meu desejo era fazer uma “festa de arromba” e começou a crescer a minha vontade de comemorar cantando.

Foram Fernando do Ó e Maria Amélia Barbosa, então sua esposa, que primeiro me incentivaram a fazer um show de aniversário. Fui me entusiasmando... Alguns amigos duvidaram e outros acharam que eu estava doida.

Naquela época, havia na Rádio Cultura de Porto Alegre o excelente programa de entrevistas “As músicas que fizeram a sua cabeça” e conversando com a Vera Spolidoro, concluímos que esta deveria ser a tônica do show: cantar as músicas da minha vida.

Eu já estava convencida do que queria fazer, e a cereja do bolo que tornou possível o show foi um fundo de garantia que recebi. Oba! Agora, era só começar a planejar!

Eu queria que os músicos que estivessem comigo fossem, além de muito bons, pessoas próximas e, por isto, convidei a pianista Dunia Elias, minha companheira d’ A Nossa Casa” e o percussionista Fernando do Ó, um dos meus incentivadores que também tocou violão. 

Eu queria convidar todas as pessoas que desde a minha infância tinham estado perto de mim em algum momento e por isto precisava de um teatro grande, eram muitas! Por isto, escolhi o Renascença que tinha quase 300 lugares.

A escolha de quem faria a sonorização e a iluminação foi óbvia: Bruno Klein e Karrah, que já tinham trabalhado comigo nos tempos do vocal.

Fiz a extensa lista de convidados (morrendo de medo de esquecer alguém) e o passo seguinte seria conseguir seus endereços porque naquele tempo usávamos os Correios para mandar os convites. Até mesmo os meus colegas de trabalho receberiam em casa.

E quem faria o projeto dos convites? Ora, o filho da Hélvia, o artista visual Eduardo Miotto, que também foi responsável pelo programa.

Para esta empreitada convidei a Dirce Ferreira e a Rosane Furtado, que também faria a produção executiva do show.

Lá pelas tantas, o ator Zeca Kiechaloski, amigo da minha amiga Carmen Sommer, ficou sabendo o que eu estava aprontando e quis fazer a direção de cena. Claro que aceitei na hora.

Faltava o cenário e ninguém melhor do que a Jovita Sommer para executar esta tarefa.

A ideia era servir bolo, agua mineral e champanhe para os amigos, mas para desespero das “festeiras” contratadas eu não conseguia prever quantos iriam. É claro que o bolo e a quantidade de champanhe e de água não foram suficientes para servir todo mundo, mas ninguém reclamou.

E as fotos? Ibanes Lemos, meu companheiro de militância.

No processo de escolha do repertório o mais difícil foi chegar às 18 canções porque a música desde sempre esteve presente no meu dia a dia e a minha lista era imensa.

Tudo decidido e lá fui eu rumo ao desconhecido, muito bem acompanhada desta equipe de gente querida!

Até que, finalmente, chegou o dia do show: 28 de outubro de 1997.

Às 7 horas da manhã acordei com a campainha tocando. Era a entrega de uma cesta de café da manhã, o primeiro presente. Um pouquinho cedo, mas, que bom porque eu sempre adorei ganhar presentes. Do resto do dia, não lembro muito, só do Zeca e da Jovita escolhendo o sapato que eu deveria usar e que não era o que eu queria. Obedeci. Ou isto foi dias antes?

Já no teatro, na passagem de som, o Karrah me contou a história de uma pessoa que também fez lá um show para os amigos e só apareceram 10. Ele queria que eu estivesse preparada para o caso de que não saísse como eu esperava, apesar de eu mesma não saber o que esperava.

Eu estava com muito medo, não por causa da quantidade de amigos que estariam lá, mas sim de como eu iria me sair cantando sozinha no palco.

Quase na hora de começar e a Dunia me avisa que deixou as partituras em casa. Foi buscar e chegou a tempo. Enquanto isto, eu fazia exercícios de técnica vocal com a Andrea no camarim.

Naquela noite, mais três pessoas se juntariam à equipe dos meus queridos: Alejandro Massiotti, então companheiro da Dunia, que cantaria comigo a música que me deixava insegura e  Sérgio Karam para abrir o show com seu sax e Sebastião Lima para gravar o show (contra a minha vontade, rsrs), convidados pelo Zeca. 

Hora de começar e Karrah me chama e avisa: “está lotado, tem gente até sentada nas escadas”. E assim foi o show, com o teatro lotado de amigos vibrando comigo. Há coisa melhor?

Depois, na hora dos cumprimentos, muitos abraços e muita emoção com a presença de amigos que eu não via há muito. Amigos se reencontrando e eu feliz, feliz, feliz!

Hoje, vendo o vídeo e as fotos, ainda me emociono. Que bom que o Zeca chamou o Sebastião para “filmar”. Consegui editar o vídeo, com as imagens e o som originais, e me emocionei bastante. 

Espero que gostem!


Muito tenho a agradecer aos que estiveram comigo nesta aventura que deu certo! E deu tão certo que ali começou a minha carreira de cantora. Mas, essa é outra história.

Grande abraço saudoso a todos.

Maria Lucia

p.s. fiz um álbum com as fotos show do Ibanes Lemos. Esqueci de explicar que seria um show e ele foi preparado para fotografar uma festa no Centro de Cultura onde se localiza o teatro. Falha minha...

https://photos.google.com/album/AF1QipPaPkEehjp9TPhfVv7aewhenak71-aF3noohBxW

Dias depois do show, a amiga e fotógrafa Eneida Serrano esteve na minha casa fazendo fotos para a revista Caras, mas a Gal Costa visitando a Feira do Livro derrubou a minha matéria, rsrs. Segundo ela, fui a sua segunda "fotografada" a colocar perfume para a sessão! Abaixo, o registro feito pelo meu filho Miguel Dagnino:




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